A campanha eleitoral de 2010 foi realmente especial. Pela primeira
vez, duas mulheres disputavam a Presidência da República — Dilma
Rousseff (PT) e Marina Silva (PV-AC). Seus adversários eram José Serra
(PSDB-SP) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL-SP). Dilma venceu a eleição,
mas desde sua chegada à chefia da Casa Civil, em substituição a José
Dirceu, já chamava a atenção de Chico Caruso. As primeiras charges em
que protagoniza são de novembro de 2005, quando foi retratada em
diversas situações de confronto com o então ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, no auge da crise do mensalão.
Em charge publicada na
edição do GLOBO de 13 de novembro de 2005, Dilma é retratada por Chico
Caruso ao lado dos senadores do PMDB Ney Suassuna (PB), José Sarney (AP)
e Gilberto Mestrinho (AM). Na legenda do desenho: “Aqui entre nós, me
sinto a Gisele Bündchen!”
Três anos depois, Dilma já ascendera no
governo e tornou-se figurinha frequente nas charges de Chico. Em março
de 2008, por exemplo, foi desenhada como o coelhinho da Páscoa. O ovo
que carrega tem a inscrição PAC, numa referência às obras pelo país do
Programa de Aceleração do Crescimento que comandava. Em 13 de janeiro de
2009, quando já despontava como nome forte à sucessão, aparece com novo
visual, levando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a botar óculos
para observá-la melhor.
Um ano depois, em 22 de fevereiro de 2010,
Chico desenhou Dilma se aproximando de José Serra na corrida eleitoral.
No mesmo ano, em 13 de julho, a então candidata consulta o polvo Paulo
sobre o resultado do pleito — o animal ganhara fama supostamente
adivinhando os resultados da Alemanha na Copa do Mundo da África.
Em
1º de outubro, o cartunista volta à imagem de uma corrida para retratar
Dilma vencendo a disputa. Três dias depois, ela e Serra estendem um
tapete — verde, é claro — para Marina Silva: a petista e os tucanos
buscavam o apoio da ex-adversária para o segundo turno. No fim das
contas, Dilma venceu: em 31 de outubro, aparece ajoelhada em uma urna.
Mas mal teve tempo de comemorar. Nos dias 4 e 5, Chico brincou com a
responsabilidade que esperava a nova presidente: em duas charges,
mostrou Lula entregando a Dilma um pepino e um abacaxi.
O período
do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, concluído em
2014, foi especialmente fértil para o cartunista, que produziu dezenas
de charges sobre o assunto. No dia 26 de novembro de 2012, Chico faz uma
releitura da foto que foi um dos destaques da semana, quando Dilma
ajudou a soltar a capa de Joaquim Barbosa, que ficou presa a uma cadeira
na ocasião do seu discurso de posse na presidência no STF. "Me larga,
me solta, me deixa!", gritaria o ministro.
Durante a apertada
disputa das eleições presidenciais de 2014, Dilma e Aécio Neves
(PSDB-MG) dividem a cena em um duelo de dedos que apontam um contra o
outro, como ironizou o desenho do dia 19 de outubro. A governante
levaria a melhor nos resultados, e continuaria a estrelar charges como a
do dia 24 de julho de 2015, onde aparece equipada com uma bicicleta,
empurrada pela Advocacia-Geral da União e interrompida pelo Tribunal de
Contas da União. A brincadeira associava o esporte praticado por Dilma
às chamadas pedaladas fiscais, um dos gatilhos do processo de
impeachment discutido em 2016 e que foi acolhido para julgamento pelo
Senado, em 11 de maio, após votação na Câmara, obrigando Dilma, na manhã
seguinte, a se afastar do governo.
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