terça-feira, 30 de agosto de 2016

Dilma brilha nas charges: ‘me sinto Gisele Bündchen!’

A campanha eleitoral de 2010 foi realmente especial. Pela primeira vez, duas mulheres disputavam a Presidência da República — Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV-AC). Seus adversários eram José Serra (PSDB-SP) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL-SP). Dilma venceu a eleição, mas desde sua chegada à chefia da Casa Civil, em substituição a José Dirceu, já chamava a atenção de Chico Caruso. As primeiras charges em que protagoniza são de novembro de 2005, quando foi retratada em diversas situações de confronto com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no auge da crise do mensalão.
Em charge publicada na edição do GLOBO de 13 de novembro de 2005, Dilma é retratada por Chico Caruso ao lado dos senadores do PMDB Ney Suassuna (PB), José Sarney (AP) e Gilberto Mestrinho (AM). Na legenda do desenho: “Aqui entre nós, me sinto a Gisele Bündchen!”
Três anos depois, Dilma já ascendera no governo e tornou-se figurinha frequente nas charges de Chico. Em março de 2008, por exemplo, foi desenhada como o coelhinho da Páscoa. O ovo que carrega tem a inscrição PAC, numa referência às obras pelo país do Programa de Aceleração do Crescimento que comandava. Em 13 de janeiro de 2009, quando já despontava como nome forte à sucessão, aparece com novo visual, levando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a botar óculos para observá-la melhor.
Um ano depois, em 22 de fevereiro de 2010, Chico desenhou Dilma se aproximando de José Serra na corrida eleitoral. No mesmo ano, em 13 de julho, a então candidata consulta o polvo Paulo sobre o resultado do pleito — o animal ganhara fama supostamente adivinhando os resultados da Alemanha na Copa do Mundo da África.
Em 1º de outubro, o cartunista volta à imagem de uma corrida para retratar Dilma vencendo a disputa. Três dias depois, ela e Serra estendem um tapete — verde, é claro — para Marina Silva: a petista e os tucanos buscavam o apoio da ex-adversária para o segundo turno. No fim das contas, Dilma venceu: em 31 de outubro, aparece ajoelhada em uma urna. Mas mal teve tempo de comemorar. Nos dias 4 e 5, Chico brincou com a responsabilidade que esperava a nova presidente: em duas charges, mostrou Lula entregando a Dilma um pepino e um abacaxi.
O período do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, concluído em 2014, foi especialmente fértil para o cartunista, que produziu dezenas de charges sobre o assunto. No dia 26 de novembro de 2012, Chico faz uma releitura da foto que foi um dos destaques da semana, quando Dilma ajudou a soltar a capa de Joaquim Barbosa, que ficou presa a uma cadeira na ocasião do seu discurso de posse na presidência no STF. "Me larga, me solta, me deixa!", gritaria o ministro.
Durante a apertada disputa das eleições presidenciais de 2014, Dilma e Aécio Neves (PSDB-MG) dividem a cena em um duelo de dedos que apontam um contra o outro, como ironizou o desenho do dia 19 de outubro. A governante levaria a melhor nos resultados, e continuaria a estrelar charges como a do dia 24 de julho de 2015, onde aparece equipada com uma bicicleta, empurrada pela Advocacia-Geral da União e interrompida pelo Tribunal de Contas da União. A brincadeira associava o esporte praticado por Dilma às chamadas pedaladas fiscais, um dos gatilhos do processo de impeachment discutido em 2016 e que foi acolhido para julgamento pelo Senado, em 11 de maio, após votação na Câmara, obrigando Dilma, na manhã seguinte, a se afastar do governo.


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